segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Dieta paleolítica: Homem das cavernas


Num primeiro momento, a reação é de risos, seguida de incredulidade. Não raro, seguem-se comentários sobre as loucuras que as pessoas fazem para emagrecer. Alguns ficam extremamente curiosos, outros se espantam com tamanha bobagem e não querem prosseguir a conversa. Ninguém fica indiferente à forma de emagrecer mais falada do momento. A dieta paleolítica, ou dieta neandertal, ou, ainda, dieta dos homens da caverna propõe a volta da alimentação de nossos ancestrais, bem antes da agricultura, para evitar (ou curar!) diabetes, distúrbios metabólicos, problemas do coração, obesidade e perder peso –  muito peso.
 Para justificar a viagem no tempo, afirmam que essa é a alimentação para a qual nosso organismo foi moldado por milhões de anos de evolução. As doenças são respostas do corpo ao excesso de carboidrato, açúcar e alimentos processados impostos pela dieta contemporânea, afirmam os neoneandertais.
A máxima da dieta paleolítica é comer alimentos naturais de fonte animal e vegetal. O cardápio paleolítico inclui carne de qualquer tipo, legumes, verduras, tubérculos (como inhame e batata-doce, de preferência), frutas e nozes – estas com moderação. Estão excluídos quaisquer vegetais que cresçam dentro de vagens (feijão, soja, ervilha, amendoim), cereais (como milho, aveia e trigo), carboidratos de produtos processados e açúcar. Deve-se evitar cozinhar a temperaturas muito altas, com panelas diretamente no fogo. O recomendado são alimentos assados em fornos a, no máximo, 180 graus centígrados.  Há variações entre os páleos. Alguns permitem leite e derivados, ou bebidas alcoólicas, com moderação.
 
A turma dos neandertais radicais é minoria. A maior parte dos seguidores defende uma dieta paleolítica adaptada às características de cada um. “Recomendamos a retirada de feijão, soja e outras leguminosas, porque podem favorecer doenças autoimunes, como rinites ou psoríase, em quem tem propensão a elas”, diz o urologista gaúcho José Carlos Souto. Ele mantém um blog sobre o assunto e estuda a dieta há quatro anos. “Quem não apresenta problemas relacionados à imunidade e gosta muito de algum desses alimentos, pode manter.”
A febre está chegando ao Brasil. Quem a segue fica tão maravilhado que vira catequizador, com blog, fotos que mostram o corpo antes e depois e conselhos aos neófitos. Há até crianças entre os seguidores. Nos Estados Unidos, a tese angaria fãs (ou discípulos) há cerca de dez anos. Nos últimos cinco, com mais força. Os atores Matthew McConaughey, Megan Fox e Jessica Biel e a cantora Miley Cyrus (ex-Hanna Montana) estão entre os famosos que seguem a dieta. Não há um lugar que conte o número de seguidores. Mas o barulho em torno dessa moda dá uma ideia do tamanho. Na livraria on-line Amazon, há mais de 2 mil  títulos sobre a dieta paleolítica (a favor e contra). Há gurus com blogs incrementados, programas de treinamento e exercícios físicos (prepare-se para fugir de mastodontes imaginários), livros de receita, programas de cozinha na internet, além de uma revista, a Paleo Magazine, todos os meses nas bancas americanas.

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